270 research outputs found

    Entre indústria: Da Silopor à POL Nato

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    O presente estudo pretende constituir um contributo para uma teoria que explora a relação entre arquitectura e literatura. A partir da obra de José Saramago, nomeadamente do romance , e promovendo uma leitura analítica dos espaços arquitectónicos descritos, procura-se, numa primeira instância, compreender em que circunstâncias a arquitectura surge retratada em textos literários. Posteriormente colocam-se em contraponto as temáticas abordadas por Saramago e aquelas discutidas pelos arquitectos seus contemporâneos, realizando deste modo uma análise dos paralelismos existentes entre a produção literária e arquitectónica. As temáticas abordadas, transversais às duas disciplinas, relacionam-se com um processo de industrialização e as suas consequências no território que se refletem na transformação do rural e do urbano e dos modos de habitar o espaço. Verifica-se, através da análise de um território em concreto, a área compreendida entre a Trafaria e a Cova do Vapor, a pertinência destas temáticas na actualidade. Descodificam-se e interpretam-se os ensinamentos extraídos das reflexões de Saramago e dos arquitectos da sua geração, com o intuito de os traduzir em ferramentas para uma prática projectual coerente. Através do estudo simultâneo destas duas linguagens de arte, o trabalho realizado permite uma reflexão acerca de temas de relevo para a prática projectual contemporânea como a memória e um sentido de identidade local.This study aims to contribute to a theory that explores the relationship between architecture and literature. From the work of José Saramago, namely the novel ( ), and by promoting an analytical reading of the described architectural spaces, the study seeks, in the first instance, to understand under what circumstances architecture is portrayed in literary texts. Subsequently, the themes addressed by Saramago and those discussed by his contemporaries architects were placed in counterpoint, thus carrying out an analysis of the existing parallels between literary and architectural production. The addressed themes, transversal to the two disciplines, are related to a process of industrialization and its consequences in the territory that are reflected in the transformation of the rural and urban and the ways of inhabiting the space. The area comprehended between Trafaria and Cova do Vapor, as na analysed existing territory, verifies the relevance of these issues in the current time. The lessons learned from the reflections of Saramago and the architects of his generation are decoded and interpreted in order to translate them into tools for a coherent architectural practice. Through the simultaneous study of these two art languages, the work carried out allows a reflection on themes of relevance to contemporary projectual practice such as memory and a sense of local identity

    O nobel português : reflexões sobre a obra de José Saramago

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    A proposta deste livro chegou-nos pelo ex-decano da Faculdade de Tradução e de Interpretação, o estimado Albert Branchadell, - a quem aproveitamos para agradecer a confiança depositada - e não podia vir mais a calhar, pois este ano 2022 comemoramos o centenário do nascimento de José Saramago (Azinhaga, 1922). O convite pretendia dar seguimento à coleção «12 Literaturas», criada pela FTI, servindo para mostrar ao mundo as 12 línguas ensinadas nesta instituição. Que o segundo volume seja dedicado ao único (até agora) Nobel em Português foi para nós, editoras, uma honra. O desafio começou com a inevitável comparação. Sabíamos que o primeiro volume, dedicado a Mircea Cărtărescu, tinha sido fruto de umas jornadas internacionais dedicadas à obra do autor romeno. No entanto, no nosso caso, não havia jornadas ou conferências previstas. Assim sendo, decidimos pôr mãos à obra e começar do zero - abrimos um call for papers - e, ao mesmo tempo que íamos recebendo artigos, a nossa motivação ia aumentando ao constatar que «ninguém falha a uma chamada de Saramago». Após um verão duro, com temperaturas extremas, que nos deixaram sem ânimo, e um recomeço de ano letivo agitado, conseguimos terminar (não sem a ajuda dos pareceristas, a quem também agradecemos o exímio labor) este longo trabalho cooperativo com um sorriso na cara

    Reception of José Saramago in Chinese academic criticism

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    UIDB/04666/2020 UIDP/04666/2020Este artigo centra-se na receção de José Saramago na crítica académica chinesa, apoiando-se na teoria da estética da receção e do efeito, nomeadamente nos contributos de Hans Robert Jauss e Wolfgang Iser. Por meio da recolha e abordagem de 39 trabalhos académicos (publicados em revistas, atas de congresso e dissertações) acerca de José Saramago e das suas obras traduzidas na China, visa-se conhecer as interpretações dos estudiosos chineses sobre a criação saramaguiana, observar a tendência de estudo relativamente a este escritor português, verificar quais as obras mais analisadas e as perspetivas de análise dominantes no campo académico chinês. Este é, pois, um estudo ainda introdutório e seminal que pretende abrir as portas a futuros trabalhos sobre a presença deste grande escritor de língua portuguesa na China. Based on the contributions of the aesthetics of reception and effect, particularly from authors such as Hans Robert Jauss and Wolfgang Iser, the present article focuses on the reception of José Saramago in Chinese academic criticism. Through the collection and analysis of 39 academic works (published in journals, conference proceedings, and dissertations) about José Saramago and his works translated into China, we aim to know the interpretations of Chinese scholars about Saramago’s creation, observe the trend of study regarding this Portuguese writer, to verify which works have been most analyzed and the dominant perspectives of analysis in the Chinese academic field. This is, therefore, an introductory and seminal study that aims to open the way to future works on the presence of this great Portuguese-speaking writer in China.publishersversionpublishe

    A RECEPÇÃO CRÍTICA DE JOSÉ SARAMAGO NO BRASIL

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    Exame da recepção crítica do escritor português José Saramago por meio do levantamento de teses e dissertações já defendidas em universidades brasileiras, especialmente na Universidade de São Paulo, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Ao examinar tais produções críticas, pretende-se verificar quais obras do escritor luso são alvo de maiores estudos, quais as temáticas dominantes, o direcionamento teórico do estudo. A partir disso, será possível constatar como a produção ficcional de Saramago é recebida e analisada de forma crítica pelas universidades citadas.Examination of the critical reception of the Portuguese writer José Saramago through the survey of theses and dissertations already defended in Brazilian universities, especially the University of São Paulo, the Federal University of Rio Grande do Sul and the Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul. By examining such critical productions, it is intended to verify which works of the Portuguese writer are the subject of larger studies, which are the dominant themes, the theoretical direction of the study. From this, it will be possible to verify how the fictional production of Saramago is critically received and analyzed by the universities mentioned

    O Duplo, a lucidez e a morte: olhares críticos

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    Tese (doutorado) - Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Comunicação e Expressão, Programa de Pós-Graduação em Literatura, Florianópolis, 2010Esta análise se propõe a refletir e a compreender de que maneira acontece a recepção literária no Brasil dos romances O homem duplicado (2002), Ensaio sobre a lucidez (2004) e As intermitências da morte (2005), do escritor português José Saramago, em teses e dissertações cadastradas no Banco de Teses da Capes, entre os anos de 2004 e 2008. A pesquisa procura, também, levar em consideração seus romances anteriores, os que abarcam a temática histórica ou não, já estudados pela crítica, que seriam Memorial do Convento (1982), História do Cerco de Lisboa (1989), O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), O Evangelho segundo Jesus Cristo (1998), Manual de Pintura e Caligrafia (1977), A Jangada de Pedra (1986), Ensaio sobre a Cegueira (1995) e Todos os Nomes

    A identidade social : trajectória de um discurso ideológico em José Saramago e Miguel Otero Silva

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    Tese de doutoramento, Estudos de Literatura e de Cultura (Estudos Comparatistas), Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2014O presente estudo incide sobre a temática da identidade social nas obras do escritor português José Saramago e do autor venezuelano Miguel Otero Silva. Se o compromisso social das narrativas de José Saramago problematiza o conceito de identidade a partir de um discurso intemporal, as obras oterianas apropriam-se do real para uma procura da identidade social de um espaço em reestruturação política e económica. Os romances Casas muertas (1955) e Levantado do Chão (1980) concretizam o paradoxo metaficcional da consciencialização progressiva do sujeito a partir de uma alienação sócio-política. Obras de repressão centradas nas ditaduras de Gómez e de Salazar, respectivamente, transformam-se em intérpretes sociais de uma humanidade que vive no limiar da sobrevivência. O estilo de narração confessional realça as interrogações retóricas do comportamento humano e da construção ideológica. As obras Oficina Nº 1 (1961) e A Caverna (2000) revelam-se metáforas do obscurecimento da razão e alertam para a incapacidade de desenvolvimento de uma sociedade mais justa devido a mecanismos económicos controladores. A partir de um desejo de enriquecimento na exploração petrolífera ou na figura de um centro comercial que suscita ambições de ordem capitalista, aparecem retratadas sociedades que aniquilam a introspecção ideológica em virtude de uma realidade ilusória. As personagens são encantadas por espaços distópicos contemporâneos, por um falso progresso e por uma modernização desigual e desintegradora. A análise de La Muerte de Honorio (1963) e Ensaio sobre a Cegueira (1995) completa esta viagem identitária a partir de um exercício de autognose em forma de literatura de denúncia, em que ocorre o resgate da experiência humana a partir de situações de epidemia, cativeiro e tortura. Trata-se de percursos literários humanistas que permitem o questionamento das estruturas da identidade social na modernidade.This study focuses on the theme of social identity in the novels of Portuguese writer José Saramago and Venezuelan author Miguel Otero Silva. If the social commitment of the novels of José Saramago questions the concept of identity from an intemporal discourse, the oterian novels realise the search for social identity. The novels Casas muertas (1955) and Levantado do Chão (1980) embody the metafictional paradox of the individual’s progressive awareness of a socio-political alienation. The novels focus on the repressions of respectively Gómez and Salazar’s dictatorships, thus becoming social interpreters of a humanity that lives on the edges of survival. The confessional narrative style emphasizes rhetorical interrogations of human behaviour and of ideological construction. The novels Oficina Nº 1 (1961) and A Caverna (2000) are metaphors of the loss of reason which alerts for the incapacity of development of a fairer society due to economic controlling mechanisms. Through a desire for enrichment related to oil exploration, or in the figure of a shopping center that originates ambitions of a capitalist order, societies appear to annihilate ideological insight in favour of an illusory reality. The characters are enchanted by contemporary dystopian spaces, a false progress and an uneven and disruptive modernization. The study of La muerte de Honorio (1963) and Ensaio sobre a Cegueira (1995) complete this voyage through an exercise of autognosis in the shape of literature of denouncement, with the redemption of human experiences through situations of epidemic, bondage and torture. These are literary journeys that question the structures of social identity

    Imagens e memórias das ditaduras: subjetividades est(ética)s

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    Trabalho de Pos-Doc na UAlg - CIACEsta pesquisa objetiva analisar três interesses fundamentais: refletir sobre o papel dos diversos tipos de memória contemplados nas imagens fílmicas contemporâneas, que, hipoteticamente, nos manipulam e seduzem, impondo seus elementos; problematizar o debate entre a pretensa objetividade e as subjetividades presentes nos filmes escolhidos, ficcionais ou documentais, contrapondo os que usam relatos, testemunhos ou entrevistas aos que narram em terceira pessoa; e questionar o papel da ética e da estética, sendo que a primeira estaria mais presente nos diálogos e argumentos do filme e a segunda em suas imagens. O primeiro interesse diz respeito ao título do projeto, questionando se as imagens a serem analisadas refletem os períodos ditatoriais históricos ou são auto-suficientes para se afirmarem e para moldarem nossos conceitos. Considerando que as imagens nos filmes serão, no futuro, as memórias das ditaduras, analiso os diversos conceitos de memória apontados pelos teóricos selecionados para esta pesquisa. O segundo interesse se refere ao subtítulo do projeto, no qual cito as subjetividades inerentes às imagens formadoras de memórias, no sentido de questionar se existe objetividade e imparcialidade mesmo em documentários que se denominam retratos fiéis da realidade, ou se há sempre, mesmo que imperceptivelmente, uma subjetividade velada, manifestando-se através das escolhas das caracterizações de personagens, dos enfoques, dos close-ups, e até da seleção de atores.CIA

    José Saramago: da realidade à utopia

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    Partindo de alguns textos fundadores do conceito de ‘utopia’, pretendemos pôr em evidência que, no caso de José Saramago, em regra, a procura de uma (im)possível sociedade livre e perfeita assume contornos de tonalidades diversas. O desejo de cenários diferentes daqueles em que vivemos, mais justos e fraternos, não acarreta, necessariamente, a ideia de deslocalização ou de relocalização espacial implicada nas tradicionais utopias. Pelo contrário, cremos que o ideal utópico saramaguiano (numa perspectiva de leitura cuja subjectividade assumimos) supõe uma busca que se traduz num processo de (re)aprendizagem que começa e acaba no próprio ser humano. Para tal, há que acreditar na capacidade e no poder do Homem para lutar contra várias espécies de adversidades, de obstáculos e de violências. Afinal, como disse, em 1997, a Eduardo Sterzi e Jerônimo Teixeira: “Sabemos mais do que julgamos, podemos muito mais do que imaginamos.” No delinear destes percursos de humana aprendizagem verificaremos ainda a presença (aparente) de afinidades com alguns vectores da tradição religiosa que o autor sempre recusou e a aproximação (efectiva) a uma outra dimensão espiritual: a de certos rituais maçónicos.Starting from the founding texts of the concept of ‘utopia’, our intention is to illustrate that in José Saramago’s novels the search for an (im)possible free and perfect society assumes diverse tonalities. The desire of more just and fraternal scenarios, diverse from those in which we live, doesn’t necessarily imply the idea of spatial relocation patent in traditional utopias. On the contrary, we believe that the utopian ideal of Saramago (in a subjective reading) assumes a search that is translated in a learning process that begins and ends with the human being itself. To achieve this, one must believe in the capacity and power of Man to fight against various adversities, hurdles and violence. As Saramago confessed in 1997 to Eduardo Sterzi and Jerônimo Teixeira: “We know more than we perceive, we are capable of much more than we can imagine.” In the outline of these paths of human learning, we will also verify the (apparent) presence of affinities with the religious tradition that the author has always denied and the (effective) approximation to another spiritual dimension: one of certain Masonic rituals

    Saramago: Escrever, Interromper. Narrativas breves de José Saramago: problemáticas de um lugar discursivo

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    A interrupção enquanto presença, falta e pertença de um texto que, todavia, não se deixa fixar, classificar ou apreender. Fonte e, simultaneamente, matéria-prima privilegiada de um lugar de escrita onde a interrogação é constante e onde não há espaço para respostas. Assim se suspende um tempo, assim se presentifica um passado, assim se permite José Saramago testemunhar, que o mesmo será dizer, ficcionar. Circunstancial, subtil e hábil, o texto de José Saramago, nas suas narrativas breves – crónicas e contos – é, não apenas, todo o texto de uma obra, mas a grande ferramenta literária do autor para provocar brechas, rupturas, suspensões de juízo. Fragmento que estilhaça, a interrupção será, certamente, problema a merecer estudo aprofundado, no mapa que cruza literatura e filosofia.Interruption as a presence, an absence and a text’s assignment that, however, doesn’t allow itself to get fixed, classified or apprehended. The source and, simultaneously, the privileged body of a writing place where interrogation is ceaselessly and where there is no place for answers, interruption leads us to time suspension, to a time where the past comes to the present, a time for José Saramago to testify, which means, to portray. Circumstantial, subtle and skilfull, José Saramago’s text in his short narratives, is not only the all of a literary work, but his first literary tool to provoke breaches, ruptures and judgment suspensions. Shattering fragment, interruption certainly deserves a deepen studies, in the map that intersects literature and philosophy
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